Programa da UFSC emite nota técnica sobre crise de saneamento básico e análise de mortalidade de peixes

O Programa Ecoando Sustentabilidade, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), emitiu, nesta terça-feira, 31 de janeiro, uma nota técnica sobre a mortalidade de peixes no manguezal do Itacorubi, região central de Florianópolis, associada à crise de saneamento básico que tem resultado em epidemia de diarreia e problemas de balneabilidade no litoral de Santa Catarina.
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Pesquisadores fizeram análise em água contaminada

Programa Ecoando Sustentabilidade, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), emitiu, nesta terça-feira, 31 de janeiro, uma nota técnica sobre a mortalidade de peixes no manguezal do Itacorubi, região central de Florianópolis, associada à crise de saneamento básico que tem resultado em epidemia de diarreia e problemas de balneabilidade no litoral de Santa Catarina. Os eventos apontam, entre outras coisas, para a falta de coleta universal e de tratamento de esgoto adequados, com a falta de oxigênio sendo apontada como principal causa da morte dos animais. O diagnóstico recomenda ao poder público a criação de um comitê multidisciplinar e interinstitucional para abordar a crise, além de trazer dados sobre a contaminação em diferentes pontos de coleta na capital catarinense.

Leia a nota completa

A nota aponta, também, para as deficiências na drenagem e o crescimento desordenado da ocupação urbana que resultaram em “grandes fluxos anômalos de água”. Além disso, os pesquisadores identificam processos erosivos e de escoamento que intensificaram a eutrofização – perda de oxigênio -, a turbidez das águas superficiais, além do assoreamento – acúmulo de material no fundo do rio. “Estas carências comprometeram a capacidade de suporte dos corpos receptores, tendo por consequência o colapso do sistema como um todo, considerando seus aspectos socioambientais e econômicos”, indicam.

Recentemente, um grande volume de peixes mortos foi encontrado no Itacorubi, bairro de Florianópolis. O professor Paulo Horta, do departamento de Botânica, fez uma caracterização de parâmetros físico-químicos, durante e depois do evento, utilizando técnicas padrão de caracterização biogeoquímica. A nota alerta que, em conjunto com outros contaminantes, os patógenos que infectam as águas representam grandes desafios para a saúde pública, para a aquicultura, pesca e para a conservação marinha, exigindo novas soluções para identificar, controlar e mitigar seus efeitos.

A falta de oxigênio dissolvido seria uma das principais causas de mortalidade dos animais e é frequentemente associada à toxicidade de substâncias diversas, a doenças e à combinação de múltiplos estressores. Os animais encontrados mortos, da espécie Sardinha da Boca Torta (Cetengraulis sp.) estavam em águas com baixa concentração de oxigênio. De acordo com a nota, os dados “reforçam as relações da deficiência de saneamento, evidenciadas pelo lançamento direto ou indireto de efluentes domésticos, combinada com os impactos de remoção da mata ciliar, entre outros desdobramentos da ocupação urbana desordenada”.

Contaminação

A análise feita pelo professor também identificou, mesmo que pontual, a contaminação por Escherichia coli, fósforo, nitrito e nitrogênio amoniacal. Segundo a nota, isso reforça as evidências da redução de oxigênio na água e da acidificação da região costeira, com valores pelo menos o dobro dos previstos pela legislação ambiental brasileira. “Além dos impactos diretos para o ambiente estuarino em questão, importante unidade de conservação municipal, o cenário de contaminação e eutrofização observado tem impactos para a pesca e também para a maricultura da região”.

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Peixes mortos no Itacorubi, em Florianópolis

Também há dados sobre outros nove pontos de coleta, revelando que diferentes locais do município de Florianópolis passam pelo mesmo problema de contaminação e reforçando a correlação positiva entre a contaminação por E. coli e a contaminação por nutrientes dissolvidos (fósforo, nitrito, nitrato e nitrogênio amoniacal). Rio Sangradouro, Riozinho do Campeche, Rio Capivari e Rio do Brás aparecem contaminados por coliformes fecais e fertilizados por nutrientes dissolvidos, o que compromete a saúde do ecossistema.

 

Fonte: Notícias da UFSC

 

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