Resumo executivo
O desenvolvimento e a manutenção de um cenário hídrico futuro seguro e equitativo sustentam a prosperidade e a paz para todos. A relação também funciona na direção oposta, pois a pobreza e a desigualdade, as tensões sociais e os conflitos podem ampliar a insegurança hídrica.
Este relatório chama atenção para as relações complexas e interligadas que existem entre gestão sustentável da água, prosperidade e paz, descrevendo como o avanço em uma dimensão pode ter repercussões positivas, muitas vezes essenciais, nas outras.
Situação dos recursos hídricos do mundo
O uso de água doce tem aumentado pouco menos de 1% ao ano, impulsionado por uma combinação de desenvolvimento socioeconômico e mudanças relacionadas nos padrões de consumo, incluindo nas dietas alimentares. Enquanto a agricultura responde por cerca de 70% das retiradas de água doce, os usos industriais (≈ 20%) e domésticos (≈ 10%) são os principais fatores que causam o aumento da demanda de água. À medida que as economias se industrializam, as populações se urbanizam e os sistemas de abastecimento de água e saneamento se expandem. Os efeitos do crescimento populacional não são tão proeminentes, pois os locais com as populações que mais crescem com frequência são aqueles onde o consumo per capita de água é o mais baixo.
Atualmente, cerca de metade da população mundial passa por uma situação de grave escassez de água durante, pelo menos, parte do ano. Um quarto da população mundial enfrenta níveis “extremamente altos” de estresse hídrico, por usar mais de 80% de seu suprimento anual de água doce renovável. Em países de baixa renda, a má qualidade da água na natureza se deve principalmente aos baixos níveis de tratamento de águas residuais, enquanto em países de renda mais alta, o escoamento superficial originário da agricultura representa o problema mais sério. Infelizmente, os dados sobre a qualidade da água permanecem escassos em todo o mundo. Esse é o caso especialmente em muitos dos países menos desenvolvidos da Ásia e da África, onde a capacidade de monitoramento e produção de relatórios é menor. Os contaminantes emergentes que causam preocupação incluem substâncias per e polifluoroalquiladas (PFAS), produtos farmacêuticos, hormônios, produtos químicos industriais, detergentes, cianotoxinas e nanomateriais. Altas concentrações de antimicrobianos, provenientes de águas residuais domésticas tratadas de maneira insuficiente, assim como da pecuária e da aquicultura, foram encontradas em todas as regiões.
Os níveis recorde de precipitação têm aumentado em todo o mundo, assim como a frequência, a duração e a intensidade das secas meteorológicas. Prevê-se que a mudança climática intensificará o ciclo global da água e aumentará ainda mais a frequência e a gravidade das secas e inundações. Alguns dos impactos mais graves serão sentidos nos países menos desenvolvidos, bem como em pequenas ilhas e no Ártico.
Avanços em direção às metas dos ODS 6
Nenhuma das metas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 6 parece estar no caminho certo para ser concretizada. Em 2022, 2,2 bilhões de pessoas não tinham acesso a
água potável administrada com segurança. Quatro em cada cinco pessoas que não tinham pelo menos serviços básicos de água potável viviam em áreas rurais. A situação quanto ao
saneamento administrado com segurança continua grave, com 3,5 bilhões de pessoas sem acesso a esses serviços. Cidades e municípios não têm sido capazes de acompanhar o
crescimento acelerado de suas populações urbanas.
As deficiências do monitoramento e da produção de relatórios tornaram extremamente desafiadora a realização de uma análise completa da maioria dos outros indicadores do ODS 6.1