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Autores do capítulo “Impact of land use and occupation on potential groundwater recharge in a Brazilian savannah watershed” (Impacto do uso e ocupação da terra na recarga potencial de água subterrânea em uma bacia hidrográfica do Cerrado brasileiro), o pesquisador Lineu Rodrigues, chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Cerrados, e do orientando Arnaldo José Cambraia Neto, aluno de mestrado em Engenharia Agrícola pela Universidade de Viçosa, são os únicos brasileiros participantes do livro Groundwater: Recent Advances in Interdisciplinary Knowledge (Águas subterrâneas: recentes avanços no conhecimento interdisciplinar), à venda nas versões impressa e e-book.
A Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS) define água subterrânea como “toda a água que ocorre abaixo da superfície da Terra, preenchendo os poros ou vazios intergranulares das rochas sedimentares, ou as fraturas, falhas e fissuras das rochas compactas, e que sendo submetida a duas forças (de adesão e de gravidade) desempenha um papel essencial na manutenção da umidade do solo, do fluxo dos rios, lagos e brejos”. Os aquíferos são as formações geológicas onde a água subterrânea é armazenada, fornecendo-a para a recarga dos rios e o uso em diversas atividades econômicas.
Editado pela International Water Resources Association (IWRA), o livro é uma contribuição ao Dia Mundial da Água de 2022, que teve como tema “Águas subterrâneas: tornando o invisível visível”, e traz estudos de casos de países das Américas, da Ásia, da África e do Oriente Médio, incluindo aquíferos transfronteiriços. Os capítulos mostram importantes e recentes avanços no conhecimento interdisciplinar em governança, gerenciamento, práticas e interfaces político-científicas sobre águas subterrâneas, constituindo fonte de informação para pesquisadores e gestores nas áreas de política ambiental, legislação hídrica, mudanças climáticas e governança de águas subterrâneas.
A publicação reúne 18 artigos de pesquisadores de diversos países, como Estados Unidos, França, Alemanha, Índia, Nepal, México e África do Sul originalmente publicados no Water International, periódico oficial do IWRA.
O capítulo de Rodrigues e Cambraia Neto buscou avaliar o impacto da mudança do uso e ocupação da terra na recarga potencial de água subterrânea na Bacia Hidrográfica do Buriti Vermelho, no Bioma Cerrado, considerando o uso atual e dois cenários de uso da terra – substituição de todas as culturas agrícolas pela cultura da soja (cenário 1) e substituição de toda a área agrícola pelo Cerrado natural (cenário 2). No uso atual, a recarga potencial média representou 46,3% da precipitação total no período avaliado (outubro de 1987 a setembro de 2017). Nos cenários 1 e 2, as recargas potenciais médias representaram, respectivamente, 46,4% e 26% da precipitação total ocorrida na bacia.
“Uma primeira análise dos cenários sugere que o cenário 2 seria a pior estratégia a ser adotada se o interesse for a recarga da água subterrânea, mas é preciso considerar a importância da vegetação natural para a biodiversidade da região e a manutenção da umidade no perfil do solo”, relatam os autores. A versão publicada no Water International pode ser acessada aqui.
Lineu Rodrigues explica que o Bioma Cerrado é estratégico para a agricultura brasileira e para a manutenção do equilíbrio hidrológico do País, contribuindo com vazões dos rios de oito das 12 regiões hidrográficas brasileiras. Nos últimos anos, tem havido um contínuo crescimento da agricultura na região, sobretudo da agricultura irrigada, principal atividade usuária dos recursos hídricos e, consequentemente, as disputas por recursos hídricos têm aumentado.
“O pouco conhecimento da disponibilidade hídrica em nossa região tem dificultado o processo de alocação de água, comprometendo o crescimento econômico, trazendo desigualdades sociais e acirrando os conflitos. Nesse contexto, a utilização adequada das águas subterrâneas é fundamental para reduzir as incertezas quanto à disponibilidade hídrica, sendo necessário um maior entendimento sobre o seu comportamento em escala de bacia hidrográfica e uma melhor quantificação da sua recarga”, comenta, acrescentando que os recursos hídricos serão cada vez mais estratégicos para o desenvolvimento sustentável do Cerrado.
Breno Lobato (MTb 9417-MG)
Embrapa Cerrados
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Fonte: Embrapa