Pesquisadores da Universidade de Estocolmo (Suécia), desenvolveram cristais porosos feitos de extrato de romã para capturar e degradar moléculas farmacêuticas encontradas em efluentes municipais. A pesquisa foi publicada na revista científica Nature Water.
Os compostos farmacêuticos existem para melhorar a nossa saúde, mas também podem ter efeitos adversos não intencionais para o bem-estar da vida selvagem. Portanto, as estações de tratamento de efluentes enfrentam o desafio de remover contaminantes orgânicos emergentes (EOCs), como ingredientes farmacêuticos ativos e para isso são necessários novos materiais e tecnologias.
Erik Svensson Grape com um modelo do novo material que, como uma esponja, podem degradar moléculas farmacêuticas encontradas em efluentes municipais. Foto: Lisa Munthe
Uma estratégia para remover poluentes da água é usar materiais porosos que se comportam como esponjas. As estruturas metalorgânicas, chamadas de MOFs (Metal-Organic Frameworks), são um tipo de material nanoporoso feito de íons metálicos e moléculas orgânicas. A maioria das MOFs são feitas usando moléculas orgânicas sintéticas. Mas agora pesquisadores do Departamento de Materiais e Química Ambiental da Universidade de Estocolmo, conseguiram desenvolver novas MOFs porosos usando uma molécula natural encontrada em plantas, o ácido elágico.
“O ácido elágico é uma das principais unidades de construção de polifenóis naturais conhecidos como taninos, que são comuns em frutas, bagas, nozes e casca de árvore. Ao combinar o ácido elágico, extraído da casca da romã ou da casca da árvore, com íons de zircônio, desenvolvemos um novo MOF altamente poroso que batizamos de SU-102”, diz Erik Svensson Grape, que fez o estudo durante seu doutorado no Departamento de Materiais e Química Ambiental da Universidade de Estocolmo.
Parte de um cristal SU-102. As áreas escuras são poros de um nanômetro de largura, a imagem foi tirada usando um microscópio eletrônico. Foto: Tom Willhammar
Para testar o desempenho do SU-102, a água que já havia sido purificada em uma estação de tratamento de efluentes foi tratada com o novo MOF. Os resultados mostraram que o SU-102 removeu muitos dos poluentes farmacêuticos que não foram totalmente removidos pela estação de tratamento. Além de capturar os poluentes farmacêuticos, o SU-102 também foi usado para decompor os poluentes usando a luz em um processo conhecido como fotodegradação.
“Este foi um projeto muito empolgante, pois tivemos a oportunidade de trabalhar diretamente com amostras de água da estação de tratamento, encontrando assim uma aplicação em que nosso material poderia ser usado para uma questão ambiental urgente. Esperamos que um dia o SU-102 seja usado em maior escala e também para outras aplicações ambientais”, diz Erik Svensson Grape, da Universidade de Estocolmo.
Veja a publicação “Removal of pharmaceutical pollutants from effluent by a plant-based metal–organic framework” na Nature Water
Fonte: Gabinete de Comunicação / Stockholm University
Adaptado por Digital Water