Com suporte do iH2Brasil, startups trabalham com fertilizantes sustentáveis e aproveitamento de resíduos a partir do hidrogênio verde
Estabelecer uma economia de baixo carbono é um dos desafios prioritários da indústria nacional, e um dos aliados nessa transição é o hidrogênio verde. O Brasil tem potencial para se tornar referência nesse mercado e são muitas as possibilidades oferecidas pelo produto, considerado o queridinho de empresas com ideias disruptivas. Esse é o caso da Phama e da GreenEnergy, startups que planejam utilizá-lo de diferentes formas.
Atualmente, existem programas para impulsionar empreendimentos focados nesse e em outros produtos sustentáveis. Para encontrá-los com mais facilidade, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), por iniciativa da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), criou o MEI Tools, uma ferramenta de busca que cataloga instrumentos de incentivo à inovação.
Os programas listados no MEI Tools podem fornecer diferentes tipos de apoio, como financiamento direto e indireto; técnico, tecnológico e consultivo; e inserção global. A última atualização conta com 194 instrumentos, dos quais 29 são voltados para sustentabilidade. Entre eles está o Programa de Inovação em Hidrogênio Verde iH2Brasil, lançado pela empresa alemã Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), com o intuito de estimular a produção dessa nova matriz energética no país.
O iH2Brasil é voltado para startups, instituições sem fins lucrativos e entusiastas, e oferece benefícios específicos para cada um. Aos interessados em participar, as inscrições da terceira edição para startups e entusiastas já estão abertas. Saiba mais clicando aqui.
Até 2050, a União Europeia estima a criação de 5,4 milhões de novos empregos voltados à economia de hidrogênio. Dois empresários participaram do iH2Brasil e já se preparam para esse futuro. Com origens, formações e atuações distintas, Luiz Paulo Hauth e Glaucia Eliza Vieira compartilham o mesmo ideal de inovação ambiental, e avançam paralelamente rumo a um futuro mais verde.
Solo fértil para boas ideias
A expressão “preparando o terreno” define bem a situação atual da Phama, startup gaúcha fundada pelo brasileiro Luiz Paulo Hauth e pelo alemão Gerhard Maske. Atualmente, a empresa está em fase de desenvolvimento de dois tipos de fertilizantes sustentáveis, que serão fabricados a partir de hidrogênio verde.
A Phama surgiu em 2016 e, inicialmente, focava apenas na produção de energia solar
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O projeto consiste na produção e junção do hidrogênio verde com nitrogênio para obter amônia, substância aproveitada para diversos fins, entre eles a fertilização do solo. A meta da Phama é, a partir de 2024, fabricar 1,5 mil toneladas do composto por ano. De olho no futuro, em 2026 os sócios pretendem produzir mais um fertilizante, a ureia, criada mediante a junção da amônia com gás carbônico.
As aplicações ainda podem ir além e seguir, também, pela vertente socioambiental. O oxigênio coletado será altamente puro e poderá ser doado e usado como oxigênio hospitalar, por exemplo.
“Nosso principal objetivo é produzir fertilizantes descarbonizados de uma forma descentralizada, ou seja, possível de replicar em outros estados de maneira prática, assim rompendo a dependência de fornecedores internacionais”, explica o sócio brasileiro.
A Phama foi selecionada na 1ª edição do iH2Brasil e os fundadores receberam mentorias até o final do ano passado. “O impacto foi grande. Nós, como empresa, nos reposicionamos e nos conhecemos melhor”, declara Hauth.
O lixo de um é a energia de outro
Mesmo com pouco tempo no mercado, a GreenEnergy tem se destacado no ecossistema nacional de inovação sustentável. A empresa, fundada em 2020 por Ailton Yabeta e Glaucia Eliza Vieira em Palmas (TO), já foi selecionada para vários programas de aceleração. Também recebeu reconhecimento na área de ações ambientais, como o prêmio Professor Samuel Benchimol, em 2021, na categoria Empresas na Amazônia. Além disso, no final de 2022 a cofundadora usou a startup para concorrer ao prêmio Mulheres Inovadoras, e foi finalista pela região Norte.
“O hidrogênio verde é uma grande oportunidade para o ecossistema de inovação brasileiro”, declara Glaucia.
O motivo para tanto sucesso é um projeto multifacetado que, por meio do aproveitamento de resíduos, vai produzir três fontes de energia descarbonizada: um blend especial, utilizável como combustível para motores e geradores de eletricidade; o biochar, que pode ser usado como fertilizante; e o hidrogênio verde.
“Por já ter trabalhado com Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), pude analisar a necessidade de uma destinação ambientalmente correta para os resíduos, e por ter ampla experiência em pesquisa aplicada, decidi, em concordância com meu sócio, criar a GreenEnergy. Nossa intenção é levar soluções não apenas para as companhias de tratamento de resíduos, mas também para as de energia, demandantes de novas matrizes renováveis”, esclarece Vieira.
A startup também foi selecionada na 1ª edição do iH2Brasil e, durante o segundo semestre do ano passado, recebeu consultorias em múltiplas áreas. Para Glaucia, fora a conexão com grandes organizações, os “diferenciais da iniciativa são o alto nível das assessorias e o foco no desenvolvimento do projeto-piloto”.
Por intermédio do programa, os sócios também conseguiram fortalecer conversas com duas instituições interessadas nos produtos, e assim as ambições colaborativas só crescem. “Pretendemos estreitar laços com a Câmara Brasil-Alemanha e ampliar nosso campo de atuação”, planeja a cofundadora.
Fonte: CNI – Portal da Indústria