Falta energia para os planos de hidrogênio verde

IEA revisa projeções para baixo devido a ritmo lento de desenvolvimento dos projetos
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Capacidade renovável dedicada à produção hidrogênio e derivados deverá crescer em 45 GW entre 2023 e 2028 (Foto: Bishnu Sarangi/Pixabay)

Editada por Nayara Machado
nayara.machado@epbr.com.br


A Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) revisou para baixo suas expectativas em relação ao mercado global de hidrogênio verde, produzido a partir da eletrólise com energias renováveis.

Relatório (.pdf) publicado nesta quinta (11/1) mostra que a capacidade renovável dedicada à produção hidrogênio e derivados deverá crescer em 45 GW entre 2023 e 2028, representando apenas cerca de 7% do total de empreendimentos anunciados para o período.

“Revisamos para baixo nossas previsões para todas as regiões, exceto a China”, diz a IEA.

China, Arábia Saudita e Estados Unidos respondem por mais de 75% da capacidade destinada à produção do gás de baixo carbono até 2028.

Segundo a agência, a previsão deste ano é 35% menor do que em 2022, motivada, principalmente, pelo ritmo lento na tomada de decisões finais dos projetos.

A maior revisão para baixo é para a região da América Latina, que caiu de cerca de 6 GW até 2028 para quase zero, com anúncios no Chile e Brasil demorando mais do que o esperado para avançar para as próximas etapas.

Globalmente, o Banco de Dados de Projetos de Hidrogênio da IEA mapeou mais de 360 GW de eletrolisadores previstos para entrar em operação antes de 2030 e em vários estágios de desenvolvimento. Mas, até a redação do relatório, apenas 3% (12 GW) deles haviam atingido o fechamento financeiro ou iniciado a construção.

 

“O desenvolvimento de projetos em vários mercados tem sido afetado por atrasos no envio de eletrolisadores devido a demoras nas encomendas de fábricas e, em alguns casos, por falhas em equipamentos. Alguns dos projetos planejados no relatório Renováveis 2022 não tiveram atualizações ao longo do último ano ou foram cancelados completamente”, diz o documento.

 

Além da América Latina, a previsão é menos otimista para a Ásia-Pacífico, principalmente devido à incerteza na Austrália sobre o futuro de projetos paralisados.

A IEA observa que a licença ambiental de um projeto expirou antes do fechamento financeiro, e os planos para projetos em Bell Bay foram suspensos devido à alta demanda de água e disputa por transmissão.

 

“A expansão da capacidade de energia renovável para a produção de hidrogênio precisa acelerar se os governos desejam cumprir suas metas de 2030. Em quase todos os mercados, o crescimento no cenário principal é insuficiente”, alerta a IEA.

 

Incentivo à demanda

Faltam compradores e a inflação está impactando os custos de produção. O hidrogênio verde ou de baixo carbono promete ajudar a indústria intensiva a descarbonizar seus produtos e também é um importante insumo para a produção dos combustíveis que serão usados por aviões e navios na transição energética.

Até 2050, é esperado que o frete marítimo precise de 50 milhões de toneladas de hidrogênio verde por ano para o fornecimento de amônia e metanol como combustível.

Só que o custo é alto. Ganhar competitividade com o fóssil, que hoje já atende a produção de fertilizantes e refino, por exemplo, é o grande desafio.

O relatório aponta que políticas de incentivos são necessárias, mas precisam dar mais atenção aos consumidores.

“O apoio governamental ainda é necessário para tornar o hidrogênio renovável e seus derivados atraentes para os usuários finais. No entanto, grande parte do apoio político existente está focado em fornecer suporte aos desenvolvedores que fornecem hidrogênio, em vez dos consumidores”, observa a IEA.

 

Alinhamento chinês

A China é o único mercado onde o ritmo de crescimento provavelmente atingirá as metas anunciadas, de acordo com o cenário principal da IEA.

A previsão é que a capacidade de energia renovável ultrapasse 24 GW até 2028, muito acima dos 1 GW necessários para produzir a meta de 100.000 a 200.000 toneladas/ano de hidrogênio renovável anunciada pelo governo. A maior parte desse crescimento vem de empresas estatais.

 

Fonte: EPBR

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