Falta de saneamento básico na periferia e uso desmedido de antibióticos contribuem para multiplicação da salmonela não-tifóide, que causa quadros de diarreia
Até 550 milhões de pessoas sofrem com doenças diarreicas todos os anos, resultado do consumo de alimentos contaminados, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre os microrganismos mais comuns nestes casos, destaca-se a Salmonella, uma bactéria pertencente à família Enterobacteriaceae e que pode desencadear quadros de diarreia. Tendo isso em vista, pesquisadoras da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP estudaram o perfil da salmonela não-tifóide no esgoto bruto na Região Metropolitana de São Paulo e alertaram para os perigos de más condições de saneamento básico e a utilização excessiva de antibióticos.
A salmonela não-tifóide é responsável pela salmonelose, uma doença bacteriana que apresenta quadros de vômito, dores abdominais, febre e diarreia. Sua transmissão ocorre pela ingestão ou contato com alimentos e água contaminados. A pesquisa, realizada no Laboratório de Saúde Ambiental da FSP, revelou a presença de bactérias com resistência a antimicrobianos na região estudada, o que representa uma ameaça à saúde pública local.
A resistência antimicrobiana diz respeito à capacidade de bactérias e microrganismos a resistirem à ação de drogas que visam seu tratamento. Esse é um problema consequente do uso excessivo e não-supervisionado de antibióticos por parte da população, como explica Solange Rocha, primeira autora do estudo, ao Jornal da USP. “Isso acaba dificultando o tratamento de algumas doenças infecciosas. O uso indiscriminado de antibióticos e quaisquer medicamentos está levando as bactérias a criarem cada vez mais resistência.”
Solange Rocha – Foto: Arquivo pessoal