A remoção de fósforo usando processos biológicos é mais sustentável, e pode ser aprimorada por meio da observação da interação entre bactérias e da análise dos nutrientes nos resíduos
Fósforo lançado nos corpos hídricos é resultado da decomposição da matéria orgânica e detergentes presentes no esgoto; aumento do consumo de alimentos gordurosos e uso de detergentes ricos em fosfatos têm aumentado a presença destes compostos e dificultado sua remoção – Fotomontagem: Jornal da USP – Fotos: Freepik
Segundo o professor, o maior dano do fósforo ao ambiente é devido ao fato de ser um elemento essencial para o crescimento de plantas e algas nos rios e águas superficiais, facilitando um processo denominado eutrofização. “Isso ocorre porque o crescimento desordenado destas plantas aquáticas na superfície da água inibe a entrada da luz solar, impedindo a liberação de oxigênio dissolvido pelas plantas enraizadas na massa líquida, o que pode acarretar danos ao equilíbrio da vida no ecossistema”, aponta. A presença do fósforo também pode levar ao crescimento de cianobactérias produtoras de toxinas que causam mortalidade de peixes ou aumentar o risco de sua presença na água tratada para consumo.”
Welington Luiz de Araújo – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Esquema de funcionamento de Estação de Tratamento de Esgotos (ETE); primeira estratégia usada na remoção do fósforo residual acontece por meio da reprodução de micro-organismos específicos, cujo crescimento é estimulado por reatores anaeróbios, aeróbios e anóxicos, com e sem oxigênio – Imagem: Reprodução/Estudo – Tradução: Jornal da USP
Gêneros de bactérias mais abundantes nas amostras do reator aeróbico da ETE do Centro de Distribuição de Embu das Artes (Grande São Paulo); as principais comunidades microbianas (PAOs) encontradas durante a pesquisa estão assinaladas em negrito – Imagem: Reprodução/Estudo – Tradução: Jornal da USP
A pesquisa é o resultado de um trabalho interdisciplinar que envolve o conceito, proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU), denominado Saúde Única (One Health). “Ele propõe a integração entre saúde humana, animal e ambiental, promovendo um maior equilíbrio entre os seres humanos e o seu ambiente”, diz o professor. “Além disso, dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, o ODS 6 visa ‘garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e do saneamento para todos’.”
“Dessa forma, o objetivo do trabalho foi avaliar a remoção biológica de fósforo e entender os atores físico-químicos e biológicos que podem aumentar a eficiência na remoção desses sais, nas frações dissolvido e particulado, reativa e não reativa em efluentes tratados em ETEs, e mitigar os impactos no corpo receptor”, conclui Araújo. O estudo foi elaborado por Luiz Antonio Papp, da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e Juliana Cardinali-Rezende, da Universidade Federal do ABC (UFABC), sob a coordenação e orientação do professor Wellington Luiz Araújo, com a participação de Wagner Alves de Souza Júdice (UMC) e Marilia Bixilia Sanchez, doutoranda do ICB.
Mais informações: e-mail wlaraujo@usp.br, com o professor Wellington Luiz de Araújo
*Estagiária sob orientação de Moisés Dorado
Fonte: Jornal da USP