Empresas de tecnologia de informação também geram impactos ambientais

Pedro Luiz Côrtes fala sobre os 21 bilhões de litros de água consumidos pelo Google no ano passado, devido à busca no desenvolvimento de soluções de inteligência artificial que utiliza água para resfriamento

Pedro Luiz Côrtes fala sobre os 21 bilhões de litros de água consumidos pelo Google no ano passado, devido à busca no desenvolvimento de soluções de inteligência artificial que utiliza água para resfriamento

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Há maneiras de minimizar os impactos do gasto intenso de água – Fotomontagem com imagens de Freepik

O Relatório Ambiental de 2023 foi divulgado recentemente pelo Google. Um dos pontos que chamam a atenção é o consumo de água pela empresa, que chegou a 21 bilhões de litros no ano passado, representando um crescimento de 20% em comparação com o ano de 2021. Esse aumento ocorreu em grande parte devido aos esforços da empresa no desenvolvimento de soluções de inteligência artificial, que requer o uso cada vez mais intenso de grandes data centers que utilizam água para resfriamento.

Os data centers

Data centers são conjuntos de computadores associados a grandes repositórios de dados. Pedro Luiz Côrtes, professor titular da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, explica que boa parte das empresas que atuam com tecnologia da informação acabam utilizando grandes quantidades de recursos naturais para manter esses centros de dados. “Toda essa estrutura gera muito calor devido ao consumo intensivo de energia elétrica. Para que essa temperatura seja reduzida, normalmente os sistemas de arrefecimento utilizam água. Parte dessa água é perdida por evaporação, parte é reutilizada no próprio sistema, mas chama muito a atenção esse consumo impressionante do Google de 21 bilhões de litros.”

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O professor exemplifica a situação com o período da febre dos bitcoins nos Estados Unidos, cujo consumo de energia preocupava por se assemelhar ao de uma pequena cidade americana, mas ressalta que o problema é generalizado. “No caso dos Estados Unidos, na maioria das vezes [a energia] não vem de fontes renováveis, muitas vezes é geração a partir de termelétricas movidas a combustíveis fósseis, então esse impacto acontece não necessariamente no montante como o Google, porque o Google é um gigante internacional, mas se nós pegarmos grandes bancos ou grandes portais, todos esses players utilizam muito intensamente o processamento de dados e consequentemente precisam de estruturas muito significativas, que consomem muita energia e também acabam gerando muito calor, então a TI não está isenta desses impactos ambientais.” 

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Pedro Luiz Côrtes – Foto: Lattes

O que pode ser feito

Côrtes explica que há maneiras de minimizar os impactos desse gasto intenso de água. “O que o Google poderia fazer é incentivar e investir muito na reutilização dessa água para o resfriamento, evitar a perda por evaporação para a atmosfera. É o que acaba acontecendo, porque essa água no sistema de refrigeração acaba sendo aquecida e vai para torres de resfriamento, onde uma parte evapora. O ideal seria que ele reutilizasse o máximo possível dessa água ou investisse em sistemas que utilizassem apenas ar no resfriamento dos equipamentos. Também priorizar o uso de fontes renováveis para o fornecimento de energia elétrica para os seus centros de processamento.” 

Ações responsáveis tomadas pelo Google podem contribuir para uma maior conscientização dos impactos ambientais causados pelas empresas de tecnologia. “Como o Google é um grande player, uma grande referência internacional, essas ações visando a economizar água e a utilizar energia elétrica de fontes renováveis poderiam servir como bons exemplos internacionais, mostrando para todos o que pode ser feito efetivamente”, completa. 

Fonte: Jornal da USP/ Rádio USP

 

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