De acordo com professora da USP, cidades são suscetíveis a impactos mais severos das mudanças climáticas
O Ambiente é o Meio desta semana conversa com a jornalista Gabriela Marques Di Giulio, professora do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública (FSP), integrante do Grupo de Pesquisa Meio Ambiente e Sociedade do Instituto de Estudos Avançados (IEA), pesquisadora permanente do Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Ciências Sociais e Sustentabilidade (NIECSS) e do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Mudanças Climáticas (Incline) da USP. Gabriela fala da relação entre as cidades e as mudanças climáticas.
As cidades, em geral, “são foco de atenção bastante particular quando o tema é mudança climática”, especialmente, porque “elas concentram as áreas mais suscetíveis a enfrentar os impactos mais severos das alterações do clima”, afirma a professora.
No Brasil, onde mais de 80% da população vive em cidades, avalia a professora, o rápido crescimento dos assentamentos urbanos – num processo desordenado, principalmente nas grandes cidades – se torna um importante elemento nas discussões que envolvem mudanças do clima, cidades e eventos extremos. Além disso, os municípios brasileiros “tendem a ser marcados por uma legislação urbanística que é bastante descolada das próprias dinâmicas urbanas, da produção de espaço urbano”, acrescenta.
Para Gabriela, a situação reflete “uma desarticulação de políticas setoriais, sobretudo políticas relacionadas à preservação e qualidade ambiental”, o que dificulta a qualificação mais integrada do espaço urbano e torna o processo de adaptação às mudanças climáticas “muito complexo e lento”. Cita também a segregação socioespacial, outra característica que considera marcante nos grandes centros urbanos.
“Os efeitos das dinâmicas de planejamento, as carências de infraestrutura, o acesso desigual a serviços básicos, à assistência, à supressão de infraestrutura verde, de infraestrutura azul, as condições de vulnerabilidade e as iniquidades sociais”, esclarece a professora, tendem a ser “muito agravados” pelas mudanças climáticas.
Ambiente é o Meio
Coprodução e Edição: Rádio USP Ribeirão
Fonte: Jornal da USP