Os fósseis são divididos em micro e macrofósseis, mas essa caracterização nem sempre segue apenas a lógica do tamanho
Dois importantes trabalhos dos microfósseis: indicar a qualidade ambiental e registrar as mudanças durante os tempos
“Um fóssil é qualquer organismo morto submetido a processos de sedimentação, independentemente do ambiente. O organismo morre, seu esqueleto é soterrado e passa a ser submetido a processos físico-químicos — chamados de fossilização — que levam, no mínimo, dezenas de milhares de anos para ocorrer“, explica Sílvia Helena de Mello e Sousa, especialista em Oceanografia Geológica do Instituto Oceanográfico da USP.
Os fósseis são divididos em micro e macrofósseis. Essa caracterização nem sempre segue apenas a lógica do tamanho — às vezes, ela leva em consideração as diferenças de métodos de coleta, preparação e estudo do fóssil.
Os microfósseis
Os microfósseis são preservados durante a fossilização, uma vez que possuem paredes resistentes ao ataque de outros organismos e aos efeitos da temperatura e pressão após o soterramento. “Essas paredes podem ser orgânicas, como pólen e esporos de plantas, ou mineralizadas, como em muitos organismos marinhos como protistas, coccolitoforídeos e diatomáceas”, explica Sílvia.
Podem-se destacar dois importantes trabalhos dos microfósseis: indicar a qualidade ambiental e registrar as mudanças durante os tempos. O primeiro envolve a capacidade de resposta rápida às variações daquele local, tanto advindas de fenômenos naturais quanto das alterações humanas. A especialista acrescenta:
Sílvia Helena de Mello e Sousa – Foto: Reprodução
“No caso de ambientes com impactos por atividades industriais, que levam ao aporte de metais, ou por efluentes domésticos, os foraminíferos, que são protistas, por exemplo, respondem rapidamente com mudanças na sua comunidade, aumentando ou diminuindo o número de espécies e indivíduos”.
Um exemplo é o alto estuário de Santos, onde, em razão da presença de poluentes orgânicos, o número de espécies de foraminíferos diminuiu e uma espécie mais tolerante passou a predominar.
No segundo trabalho dos microfósseis, as evidências dos primeiros registros são de bilhões de anos atrás. Desde então, é possível ver a evolução desses organismos, que ajudam a compreender a história geológica da Terra. “Como exemplo, temos o surgimento e a expansão das cianobactérias, fenômeno bem documentado no registro fóssil. Por realizarem a fotossíntese, seu aumento levou ao acúmulo inicial de oxigênio na atmosfera da Terra, o que permitiu o surgimento de organismos aeróbios, como os seres humanos”, pontua Sílvia.
Parceria: Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano – Instituto de Estudos Avançados, Instituto Oceanográfico, Rádio USP e Jornal da USP
Produção: Alexander Turra, Katharina Grisotti e Julia Lima Monteiro Carvalho
Coprodução: Cinderela Caldeira, Alessandra Ueno, Julia Estanislau e Guilherme Castro Sousa Edição: Rádio USP E-mail: ouvinte@usp.br
Edição: Rádio USP
Você pode sintonizar a Rádio USP SP 93,7 MHz e Ribeirão Preto 107,9 MHz, pela internet em www.jornal.usp.br ou nos principais agregadores de podcast como Spotify, iTunes e Deezer.
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*Sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo
Por Alessandra Ueno*
Fonte: Jornal da USP / Rádio USP