“Soluções para poluição plástica” é tema do Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado na segunda-feira (5/6/23)
Resíduos de plástico, como sacolas e copos descartáveis tradicionais, podem demorar mais de 400 anos para se decompor. Quando descartados incorretamente no meio ambiente, passam por um processo de fragmentação por atrito e radiação solar, até serem transformados em microplásticos, partículas menores do que 5 milímetros que contaminam facilmente o solo, a água e o ar. A presença desses microplásticos na Estação de Tratamento de Esgoto da Universidade Federal de Lavras (ETE/UFLA) foi pesquisada no Programa de Pós-Graduação em Tecnologias e Inovações Ambientais da Universidade.
Foram encontrados fragmentos, fibras e partículas disformes de microplásticos no esgoto bruto que chega à etapa de tratamento preliminar da ETE e no resíduo gerado após o processo de filtragem biológica. No efluente final do processo de tratamento, ou seja, na água tratada, que é usada para irrigar mudas do viveiro florestal e é lançado no Ribeirão Vermelho, não foi detectada a presença de nenhum microplástico, o que demonstra que a ETE/UFLA é capaz de remover os microplásticos identificados no esgoto bruto.
O pesquisador e técnico da ETE/UFLA Aroldo Lopes de Paula Valácio explica que a ausência dessas partículas na água tratada final deve-se à configuração da ETE. “A estação de tratamento da UFLA contém um processo de filtração adicional, um processo físico de filtração do efluente tratado pelos filtros biológicos, que retém as partículas de microplástico”, afirma.
As amostras foram coletadas no ano de 2022. O método empregado para a extração do microplástico da fase de tratamento preliminar foi a digestão da matéria orgânica da amostra e posterior flotação e filtração do material, que possibilitou a suspensão e a separação das partículas de microplástico por meio de uma lupa eletrônica.
Após análises em laboratórios especializados, foi detectada principalmente a presença de polietileno, material muito utilizado na fabricação de sacos e filmes plásticos, embalagens, garrafas de plástico, recipientes para produtos de limpeza, utensílios domésticos, entre outros.
“É interessante ressaltar que o plástico poliestireno, utilizado na fabricação de copos descartáveis, não foi encontrado no esgoto da UFLA. A ausência desse material pode ter relação com a política institucional de não usar copos descartáveis”, acrescenta Aroldo.
A orientadora da pesquisa, professora Camila Silva Franco, ressalta que os estudos sobre microplásticos no meio ambiente e em estações de tratamento de água e esgoto ainda são recentes no mundo. “Pesquisas como a realizada na UFLA são muito importantes para mostrar a presença destes contaminantes no esgoto e na água. A avaliação da remoção de microplásticos nas estações de tratamento de esgoto busca evitar o lançamento de microplásticos nos cursos d’água e sua avaliação nas estações de tratamento de água busca prevenir a distribuição de microplásticos na água de abastecimento que chega nas nossas torneiras”.
Os resultados da pesquisa reforçam a necessidade de educação ambiental para o descarte correto de resíduos, o uso consciente de produtos plásticos descartáveis e a busca por novos materiais biodegradáveis.
Dia Mundial do Meio Ambiente 2023
Em 2023, o tema do Dia Mundial do Meio Ambiente (5/6) é “soluções para poluição plástica”. Estima-se que mais de 400 milhões de toneladas de plástico são produzidas anualmente em todo o mundo, e metade é projetada para ser usada apenas uma vez. Da produção total, menos de 10% é reciclado.
A maioria dos itens de plástico nunca desaparece totalmente, eles se degradam e geram os microplásticos. O professor da Escola de Engenharia da UFLA Alfredo Rodrigues de Sena Neto explica que há dois tipos de microplástico. “Nós temos o microplástico primário, gerado principalmente para servir de matéria-prima para a indústria na fabricação de produtos plásticos, e o microplástico que se degrada e gera partículas menores, que vão parar no meio ambiente”.
Os microplásticos contaminam os alimentos, a água e o ar. Cada pessoa no planeta consome cerca de 50 mil partículas de plástico por ano.
Esse conteúdo de popularização da ciência foi produzido com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais – Fapemig.
Escrito por Gláucia Mendes
Fonte: Portal da UFLA e Portal da Ciência
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